"Ás vezes, em dias de luz perfeita e exacta, em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
pergunto a mim próprio devagar porque sequer atribuo eu beleza às coisas ...
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
e existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver, invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens perante as coisas.
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível !"
pergunto a mim próprio devagar porque sequer atribuo eu beleza às coisas ...
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
e existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver, invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens perante as coisas.
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível !"
(Alberto Caeiro)