quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Autores ...


"Ás vezes, em dias de luz perfeita e exacta, em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
pergunto a mim próprio devagar porque sequer atribuo eu beleza às coisas ...

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
e existência apenas.

A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.

Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver, invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens perante as coisas.

Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível !"


(Alberto Caeiro)

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